OLSON, Bruce. Por esta cruz te matarei. Trad. Dini
Rizzi. São Paulo: Vida, 2012.
RESENHA
Bruce Olson é
considerado um dos maiores missionários do século XX. Destemido e arrojado, ele
foi para a Venezuela para evangelizar os índios. Olson desde a infância
sentiu-se impulsionado por Deus a fazer algo mais do que ficar na sua pacata
cidade, crescer e ser um linguísta renomado, profissão que tinha aptidão pela sua
capacidade em aprender vários idiomas, dentre eles: o hebraico bíblico e o
grego do tempo de Jesus.
Aos dezenove
anos, parte para Venezuela atendendo, assim, seu chamado missionário. Consegue
chegar à tribo dos motilones, mas antes passara pela capital Caracas. Lá
conheceu uma família que lhe deu apoio e proteção. Algum tempo depois conheceu
alguns jovens universitários, indo morar com eles numa república.
Sua paixão
pelos índios fez com que ele sempre retomasse seu projeto de conhecê-los apesar
das dificuldades encontradas em
Caracas. Foi com um representante de uma petrolífera que
conseguiu ir à tão sonhada floresta num avião da empresa e deixado lá sozinho.
Pois ainda em Caracas soubera de um surto de sarampo que dizimou muitos índios
e queria ajudar levando-lhes medicamentos.
Para sua surpresa
chega a uma tribo que ele não esperava - os iucos. Mesmo assim Olson trabalha
durante alguns meses nessa tribo até que algum índio o leve aos motilones.
Os motilones
eram conhecidos por seu cruel tratamento contra os “homens brancos”, pois
haviam matado alguns trabalhadores das empresas petrolíferas instaladas na
região, e também pela capacidade de derrotar outras tribos indígenas em guerras. Por isso, os
iucos tinham medo dos motilones e foi uma tarefa difícil convencê-los a
levarem-no até eles. Depois de prometer alguns presentes ao grupo, Olson parte
com os índios iucos ao destino desejado.
Passando pelas
dificuldades da mata e também pela fronteira Venezuela-Colômbia o grupo chega,
finalmente, à terra dos motilones. O grupo de índios percebendo a presença da
tribo rival, foge e deixa Olson sozinho na mata que é atingido na perna por um
flecha certeira. Levado à tribo, fica preso numa espécie de jaula. Por causa do
ferimento, durante semanas agoniza de dor e febre até que resolve fugir da
tribo.
Quando Olson
foge da tribo é encontrado por um grupo de madeireiros que leva-o até Talamaque
e depois a Bogotá. Na capital, recebe tratamento e volta para a tribo levando os
medicamentos necessários para tratar à doença dos indígenas. Olson viveu muitos
anos com os motilones e os ajudou a desenvolver uma agricultura sustentável e a
melhorar sua saúde construindo postos de atendimento especializado. Ele
desenvolveu uma união fraternal com o índio Cobaydra/ Bobarishora, chamando
carinhosamente de Bobby. Como os índios não conseguiam pronunciar o nome Bruce
Olson chamaram-no de “Bruchko”.
Olson passou
cinco anos entre os motilones sem falar uma palavra sobre Deus e Jesus Cristo.
Até que numa oportunidade quando os índios estavam pranteando a morte de um
parente começou a pregar a mensagem de Jesus Cristo encarnado que veio salvar
todos os índios. Utilizou uma antiga lenda indígena para explicar como Jesus
tornou-se homem e anunciou sua palavra com amor e, por fim, morreu e
ressuscitou. Desse dia em diante ele, pregava principalmente para seu amigo
Bobby, e este por sua vez para os demais. Progressivamente começaram a aceitar
Jesus.
Mas as
dificuldades aumentavam com o progresso do evangelho. Grupos de foragidos de
presídios instalaram-se nos arredores da tribo motilone, querendo apossar-se de
suas terras. Um desses fugitivos Humberto Abril ameaçou a Bobby fazendo o sinal
da cruz com os dedos polegar e indicador cruzados: “Juro por esta cruz que eu
te matarei! (OLSON, 2012, p. 8)”
Num dia quando
Bobby estava subindo o rio com alguns outros índios, para vender bananas, ele
foi alvejado por tiros vindos de capangas de Abril morrendo na hora. Olson fica
arrasado, pois já havia perdido sua namorada Glória que morreu num acidente de
carro poucos meses antes do casamento, agora era seu melhor amigo. Inconformado
questiona a Deus sobre as mortes e em seu coração sabe que o seu ministério não
é fácil e todas essas adversidades eram os percursos que teria que percorrer em
meio àquilo que Deus entregou para ele fazer.
Por esta cruz te matarei é uma história
comovente e edificante. Mostra as dificuldades das missões entre os indígenas,
mas também a provisão de Deus em todos os aspectos. Recomendado para todos os
aspirantes ao ministério missionário, aos pastores e a todos cristãos que
precisam conhecer um pouco mais do trabalho missionário entre os indígenas.